Hoje foi um dia tranquilo. Um dia bom. Leviano, sem altos e baixos. Um dia qualquer. Praticamente desacontecido. Um daqueles que não ficará na memória. Que passará. Que está passando. Já é noite. Há uma brisa lá fora. Chegou o verão. Passei o dia andando de pés descalços. Senti o chão frio em cada passada. O bem-estar do corpo em seu movimento natural. Lembrei-me da infância. Da plenitude e do alargamento da vida. Chorei pelo que não há mais. Pelo que um dia foi. O tempo me assaltou, novamente. De leve, feito brisa. Cheirando a ameixa amarela. Voltou tudo, com força. Enxurrada de lembranças. De dias apreendidos. Do tempo que permanece nostalgicamente. Penso que é por isso que sempre escrevi. Agarrar o que esvai e que, pela letra, permanece. Entre o céu e a terra.
E não seriam tolas as definições para dias bons? E assim não seriam, por serem tolas, porque cada dia que proporcione diferentes sensações se tornaria indefinível, por ser único? Se as definições exigissem padrão, que não há, haja vista o ineditismo de cada dia...
ResponderExcluirE porque há mais coisas para nos assaltar num dia único, além do tempo; e porque o que se aprendeu é tão somente um prenúncio do que se aprenderá, melhor. E o que de nostálgico existe agora se demonstra permanente, que não foi, e que não irá. Incrustrou-se. E por isso aparecerá, de quando em quando, em dias bons e indefiníveis...
lindo o comentário - que, por justiça das palavras - aqui deve ser chamado continuidade...
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