Hoje foi um dia tranquilo. Um dia bom. Leviano, sem altos e baixos. Um dia qualquer. Praticamente desacontecido. Um daqueles que não ficará na memória. Que passará. Que está passando. Já é noite. Há uma brisa lá fora. Chegou o verão. Passei o dia andando de pés descalços. Senti o chão frio em cada passada. O bem-estar do corpo em seu movimento natural. Lembrei-me da infância. Da plenitude e do alargamento da vida. Chorei pelo que não há mais. Pelo que um dia foi. O tempo me assaltou, novamente. De leve, feito brisa. Cheirando a ameixa amarela. Voltou tudo, com força. Enxurrada de lembranças. De dias apreendidos. Do tempo que permanece nostalgicamente. Penso que é por isso que sempre escrevi. Agarrar o que esvai e que, pela letra, permanece. Entre o céu e a terra.