domingo, 28 de outubro de 2012

Entre o céu e a terra

Hoje foi um dia tranquilo. Um dia bom. Leviano, sem altos e baixos. Um dia qualquer. Praticamente desacontecido. Um daqueles que não ficará na memória. Que passará. Que está passando. Já é noite. Há uma brisa lá fora. Chegou o verão. Passei o dia andando de pés descalços. Senti o chão frio em cada passada. O bem-estar do corpo em seu movimento natural. Lembrei-me da infância. Da plenitude e do alargamento da vida. Chorei pelo que não há mais. Pelo que um dia foi. O tempo me assaltou, novamente. De leve, feito brisa. Cheirando a ameixa amarela. Voltou tudo, com força. Enxurrada de lembranças. De dias apreendidos. Do tempo que permanece nostalgicamente. Penso que é por isso que sempre escrevi. Agarrar o que esvai e que, pela letra, permanece. Entre o céu e a terra.   
 
 

domingo, 20 de maio de 2012

Rango pronto, texto escrito, é só abocanhar


E se eu colocar mais queijo do que pão? Seria queijo-pão?

Começou assim minha viagem culinária e o texto. Portanto, ele já está praticamente pronto, basta apenas colocá-lo no papel, ou na tela, enfim.

Fichinha.

Vejam que o mais importante nisso tudo não é o tema a ser desenrolado, mas o desejo da escrita, aquela coisa que vem do nada e toma posse. (Meu pai e eu estávamos impressionados, dia desses, com o Stephen King: o cara é, literalmente, uma máquina de escrita e não escreve qualquer coisa. Ah, e ele é mais de um).

Os parêntesis vão, sim, atravessar a narrativa. São inevitáveis ao meu modo, digamos assim, de pensamento associativo. Sim, pequenas redes vão se formando. Por isso, a dificuldade em escrever algo que tenha início, meio e fim. Sempre me dei mal com essas coisas lineares (redações na escola... argh!), em todos os sentidos.

Por isso, também, meus textos não se prolongam... as ideias vão se misturando umas às outras e... o que mesmo queria dizer? Pois é, o que podemos chamar de “essência” do texto dura, aproximadamente, 3 linhas.

Mas vamos lá... quem sabe, com a prática e tal.

Pois bem, a experiência culinária: estava eu lá, logo ali, socando a massa – ou seja lá o que for aquilo (os travessões também são constantes) - e, do queijo-pão, pensei nos relacionamentos. Nas medidas. Nos prolongamentos. No excesso de um e na falta do outro. Nos cortes. Nos tamanhos.

Como, mesmo, lidar com tudo isso?

Aí, de novo, o pensamento lógico, simples, sem lero-lero: o lidar lida por si só, assim como o texto se faz, antes mesmo de um aviso.

Agora, rango pronto, texto escrito, é só abocanhar.