Desde que me conheço por gente, ou desde quando me lembro, escrevo.
Até hoje tenho um diário: o tempo passa, as mudanças tomam forma, as idas vão e vem, algumas vezes mais prolongadas, em outras, descompassadas, mas lá está ele.
Quando criança, as palavras eram mais sinceras, objetivas, diretas. Não havia enrolações, nem divagações. Tudo era dito tal qual, com menos repressão e muito menos julgamento de valor.
O diário só foi diário mesmo, ao pé da letra, por pouco tempo, levando em consideração todo o tempo da existência desta prática que me é quase necessária. Lembro daquele caderno amarelo-alaranjado, rabiscado de tinta preta: my diary. Sim, mesmo em língua alheia, e acho que justamente por isso, a escrita fazia-se escorrer.
Depois disso, com as readaptações e novos interesses, o diário passou a não mais estar vinculado à prática do dia-a-dia, mas, sim, ao momento da urgência.
Percebo, agora - novamente - que meu desejo não está vinculado ao decorrer excessivamente rotineiro, ao ato obsessivo e repetidamente controlado, ao movimento de uma nota só.
Mesmo que derrapando, caibo mais livremente no fluxo.
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